"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Galatas 2. 20
Na cruz nos encontramos com Cristo, assim nos encontramos com a nova vida em Cristo, nos encontramos com a fé em Cristo e nos encontramos com o amor de Cristo.
Nessa perspectiva, está claro que a nossa vida não é possessão nossa e sim de Cristo. Nossa fé nos leva a confiar totalmente em nELE, sabendo que o que somos se deve ao Seu amor que O levou à Cruz, onde nos encontramos com Ele.
Assim, nossas vidas são direccionadas por Cristo a serví-LO em diferentes âmbitos, dando - nos vocação, dons e talentos (alguns em altos escalões e recursos e outros na mais profunda simplicidade de vida) para o cumprimento da Sua missão, sempre com as marcas de Seu amor.
E importante estar sempre consciente de que no cumprimento da missão não cabem as obras da carne e sim o fruto do Espirito. Nossas atitudes não podem parecer - se jamais com o que praticam os que estão mas trevas para alcançar seus objetivos. Nossas "paixões" devem ser crucificadas em Cristo.
Na obra do Senhor jamais deve estar presente a mentira, seja ela chamada mentira piedosa ou meia verdade, nem os jogos de poder e nunca se justifica "sacrificar" alguns para que o propósito final de um projeto seja alcançado. Cristo se sacrificou "pessoalmente" por nós e não escolheu sacrificar a outros em Seu lugar para que Sua missão fosse cumprida, mas o que muitas vezes se vê no "empresariado eclesiastico" é a desonesta eliminação de algumas "peças", frequentemente irmãos sérios e piedosos, para que o objetivo traçado sem a devida ética e respeito seja alcançado, comumente conhecido como perdas necessárias ao longo do caminho. Por esse motivo nos encontramos tanta gente magoada e decepcionada no ambiente eclesiástico.
Que o Senhor nos fortaleça e nos faça perseverar com fidelidade na vida que é Sua e não nossa, seja no âmbito individual ou coletivo, pois em tudo somos Sua Igreja.
"Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito. Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. Galatas 5. 19-26
Um Calmo Vento
"E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um calmo vento oriental..." Jonas 4.8. Essa foi a forma com a qual Deus fez com que Jonas fosse confrontado em seu erro. Sua reflexão era egoísta e ensimesmada. Apesar de ter sido instrumento de Deus para salvação de uma grande cidade, não era capaz de ter compaixão e assim refletir o amor que Deus queria transmitir através da missão que lhe havia sido concedida.
sábado, 13 de setembro de 2014
terça-feira, 6 de maio de 2014
A EUROPA PROFUNDA
"Espanha profunda" é uma expressão muito usada na Espanha para definir ou tentar explicar muitas coisas estranhas que ainda ocorrem nas milhares de pequenas cidades e povoados do interior. É uma expressão que poderia ser ampliada a todo o continente.
Através do livro transformado em filme (1969), "O segredo de Santa Vittoria", comedia ambientada na Italia por ocasião da morte de Mussolini, protagonizada por Antony Quinn, nos encontramos com uma fiel descrição dessa Europa profunda, nesse caso Itália.
Morre Mussolini e a cidade perde seus governantes fascistas que são levados à prisão. Um ex-bajulador do fascismo (não por convicção mas por conveniencia), acostumado a embriagar--se, sobe na caixa d'agua do vilarejo e ao ser salvo por seu genro é aclamado pelo povo (que na verdade estava tentando animá-lo para ter coragem para descer) e acaba por ser aclamado novo prefeito.
Passados alguns dias chega a notícia de que os alemães estavam vindo à cidade para levar todo o estoque de vinho que mantinha vivo o povoado, um milhão e trezentas mil garrafas. Toda a história transcorre entre hilarias estratégias de um povo acostumado a brigar entre si mas que agora se une no propósito de enganar aos alemães.
Entre risadas e romantismo (o prefeito e sua mulher se odiavam, por causa das bebedeiras do senhor edil) nos deparamos com os fundamentos que lidamos, como missionários, nestas pequenas cidades e povoados espanhóis e europeus.
Santa Victtoria na verdade elucida a capa que os turistas e recém chegados na Europa conhecem. O povo mostra o que é mais conveniente, uma típica tradição de uma Europa que se acostumou a viver sob dominadores, como romanos, bárbaros, árabes ou ditadores.
Os mais antigos dizem que ao viver aqui menos de una década, o que se conhece da Europa é a cortina de fumaça e não sua essência.
Há 12 anos, as estatísticas falavam em 500 mil evangélicos espanhóis e na última estatistica divulgada, apesar dos cinco milhões de imigrantes que chegaram enchendo as igrejas, avançamos a um pouco mais de 400 mil. Isso se deve a essa característica, de um povo simpático mas com seu mundo interior totalmente blindado.
Olhar para Cristo (Filipenses 2. 5-11) e ver sua identificação conosco para trazer-nos a salvação, nos consola e anima. Pedimos que o Senhor nos faça perseverantes para ser Seus instrumentos no alcance da "Europa profunda".
"Espanha profunda" é uma expressão muito usada na Espanha para definir ou tentar explicar muitas coisas estranhas que ainda ocorrem nas milhares de pequenas cidades e povoados do interior. É uma expressão que poderia ser ampliada a todo o continente.
Através do livro transformado em filme (1969), "O segredo de Santa Vittoria", comedia ambientada na Italia por ocasião da morte de Mussolini, protagonizada por Antony Quinn, nos encontramos com uma fiel descrição dessa Europa profunda, nesse caso Itália.
Morre Mussolini e a cidade perde seus governantes fascistas que são levados à prisão. Um ex-bajulador do fascismo (não por convicção mas por conveniencia), acostumado a embriagar--se, sobe na caixa d'agua do vilarejo e ao ser salvo por seu genro é aclamado pelo povo (que na verdade estava tentando animá-lo para ter coragem para descer) e acaba por ser aclamado novo prefeito.
Passados alguns dias chega a notícia de que os alemães estavam vindo à cidade para levar todo o estoque de vinho que mantinha vivo o povoado, um milhão e trezentas mil garrafas. Toda a história transcorre entre hilarias estratégias de um povo acostumado a brigar entre si mas que agora se une no propósito de enganar aos alemães.
Entre risadas e romantismo (o prefeito e sua mulher se odiavam, por causa das bebedeiras do senhor edil) nos deparamos com os fundamentos que lidamos, como missionários, nestas pequenas cidades e povoados espanhóis e europeus.
Santa Victtoria na verdade elucida a capa que os turistas e recém chegados na Europa conhecem. O povo mostra o que é mais conveniente, uma típica tradição de uma Europa que se acostumou a viver sob dominadores, como romanos, bárbaros, árabes ou ditadores.
Os mais antigos dizem que ao viver aqui menos de una década, o que se conhece da Europa é a cortina de fumaça e não sua essência.
Há 12 anos, as estatísticas falavam em 500 mil evangélicos espanhóis e na última estatistica divulgada, apesar dos cinco milhões de imigrantes que chegaram enchendo as igrejas, avançamos a um pouco mais de 400 mil. Isso se deve a essa característica, de um povo simpático mas com seu mundo interior totalmente blindado.
Olhar para Cristo (Filipenses 2. 5-11) e ver sua identificação conosco para trazer-nos a salvação, nos consola e anima. Pedimos que o Senhor nos faça perseverantes para ser Seus instrumentos no alcance da "Europa profunda".
sábado, 19 de abril de 2014
Existe pobreza e fome na Europa?
Conta-se que uns jornalistas perguntaram a um governante europeu sobre como erradicar a pobreza e a fome. Para surpresa de todos, sua resposta foi uma irônica pergunta: que é pobreza e o que é fome?
Na verdade essa história não passa de um mito disseminado especialmente nos países do terceiro mundo, porque a Europa tem muita pobreza e muita gente está classificada nos parâmetros da fome. A ausência de violência e mendigos pelas ruas de muitos países europeus ajuda na divulgação desse mito.
O pobre europeu está localizado nos países periféricos do leste, nos bairros ciganos ou de maioria imigrante, em redutos de prostituição e drogas e em alguns centros antigos das grandes e famosas cidades e a fome se encontra em meio a esses pobres.
A Europa vem de uma tradição feudal, para não dizer que vive uma forma de feudalismo moderno, claramente representado por um fascismo político, sempre atual, principalmente em épocas eleitorais.
Nesse sistema, o pobre tem uma função servil e secundária, sempre escondido como um inocente útil, valioso para a manutenção das classes empresariais e calado pela opressão dos poderes. O clima frio ajuda a tapar ou maquiar essa pobreza, já que todos estão vestidos e bem cobertos, aparentando o que realmente não são.
A fome leva a muitas dessas famílias a secretamente buscar ajuda em centros sociais, tudo mantido sob bastante sigilo. O orgulho de alguém que estudou pelo menos até os 16 anos (por obrigação imposta por lei) e que se sente capacitado a debater sobre história e política, se transforma em mais um instrumento de disfarce da pobreza. Uma pessoa tão culta não é pobre, é alguém sem oportunidades, dizem muitos.
No livro "Os miseraveis", Victor Hugo joga com a palavra "miserável", usando-a para os políticos inescrupulosos, para os bajuladores e opressores de segundo escalão (servis aos poderosos), tambem aos pareas marginados moral e judicialmente (chamados escoria) e finalmente para os pobres e famintos, estes sim submetidos à uma miserabilidade concreta, porque não podem trabalhar (por mecanismos proibitivos estruturais) e por isso mendigam, não com pratos na mão mas com direito a ajudas inventadas pelos governos para que se mantenham sempre dependentes.
Algumas vezes os miseraveis europeus se cansam e se levantam, como disse George Orwell, no livro "Revolução dos porcos", até se tornarem opressores, deixando a outros a classificação de pobres miseráveis, pois eles agora são os algozes miseráveis, havendo sido em algúm momento traidores miseráveis.
As grandes empresas européias são instrumentos poderosos de exploração da pobreza ao redor do mundo, mas não para levar riqueza e desenvolvimento a Europa, na verdade buscam produzir poder para sua classe aristocrática e egolátrica, pois os primeiros a serem explorados são os seus próprios conterrâneos.
Sim, há pobres e famintos na Europa, mas não podem ser vistos, pois assim a Europa perderia sua magia e o resto do mundo descobriria que todos de fato desejam tornar-se europeus, não pela heranca genética, pela beleza ou pela cultura, mas pela hipocrisia.
Que o Senhor nos dê sabedoria para pregar a Cristo, adorando-Lhe, servindo-Lhe, socorrendo aos pobres e desmascarando aos hipócritas.
Marcos 14.3 Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo.
4 Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?
5 Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela.
6 Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo.
7 Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes.
8 ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
9 Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
10 Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.
Conta-se que uns jornalistas perguntaram a um governante europeu sobre como erradicar a pobreza e a fome. Para surpresa de todos, sua resposta foi uma irônica pergunta: que é pobreza e o que é fome?
Na verdade essa história não passa de um mito disseminado especialmente nos países do terceiro mundo, porque a Europa tem muita pobreza e muita gente está classificada nos parâmetros da fome. A ausência de violência e mendigos pelas ruas de muitos países europeus ajuda na divulgação desse mito.
O pobre europeu está localizado nos países periféricos do leste, nos bairros ciganos ou de maioria imigrante, em redutos de prostituição e drogas e em alguns centros antigos das grandes e famosas cidades e a fome se encontra em meio a esses pobres.
A Europa vem de uma tradição feudal, para não dizer que vive uma forma de feudalismo moderno, claramente representado por um fascismo político, sempre atual, principalmente em épocas eleitorais.
Nesse sistema, o pobre tem uma função servil e secundária, sempre escondido como um inocente útil, valioso para a manutenção das classes empresariais e calado pela opressão dos poderes. O clima frio ajuda a tapar ou maquiar essa pobreza, já que todos estão vestidos e bem cobertos, aparentando o que realmente não são.
A fome leva a muitas dessas famílias a secretamente buscar ajuda em centros sociais, tudo mantido sob bastante sigilo. O orgulho de alguém que estudou pelo menos até os 16 anos (por obrigação imposta por lei) e que se sente capacitado a debater sobre história e política, se transforma em mais um instrumento de disfarce da pobreza. Uma pessoa tão culta não é pobre, é alguém sem oportunidades, dizem muitos.
No livro "Os miseraveis", Victor Hugo joga com a palavra "miserável", usando-a para os políticos inescrupulosos, para os bajuladores e opressores de segundo escalão (servis aos poderosos), tambem aos pareas marginados moral e judicialmente (chamados escoria) e finalmente para os pobres e famintos, estes sim submetidos à uma miserabilidade concreta, porque não podem trabalhar (por mecanismos proibitivos estruturais) e por isso mendigam, não com pratos na mão mas com direito a ajudas inventadas pelos governos para que se mantenham sempre dependentes.
Algumas vezes os miseraveis europeus se cansam e se levantam, como disse George Orwell, no livro "Revolução dos porcos", até se tornarem opressores, deixando a outros a classificação de pobres miseráveis, pois eles agora são os algozes miseráveis, havendo sido em algúm momento traidores miseráveis.
As grandes empresas européias são instrumentos poderosos de exploração da pobreza ao redor do mundo, mas não para levar riqueza e desenvolvimento a Europa, na verdade buscam produzir poder para sua classe aristocrática e egolátrica, pois os primeiros a serem explorados são os seus próprios conterrâneos.
Sim, há pobres e famintos na Europa, mas não podem ser vistos, pois assim a Europa perderia sua magia e o resto do mundo descobriria que todos de fato desejam tornar-se europeus, não pela heranca genética, pela beleza ou pela cultura, mas pela hipocrisia.
Que o Senhor nos dê sabedoria para pregar a Cristo, adorando-Lhe, servindo-Lhe, socorrendo aos pobres e desmascarando aos hipócritas.
Marcos 14.3 Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo.
4 Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?
5 Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela.
6 Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo.
7 Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes.
8 ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
9 Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
10 Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.
sábado, 15 de março de 2014
A ESPANHA BIPOLAR
Evangelizando em um contexto de extremos.
Se costuma dizer que na Espanha uma
pessoa tem que escolher entre o Real Madrid e o Barcelona, a direita política
ou a esquerda, aplaudir as classes nobres ou ser um anarquista, seguir a igreja
Católica ou o ateísmo. Se diz que quem não se define é diplomático (uma forma
popular de chamar alguém de falso), estrangeiro, inseguro e essas
características não representam o verdadeiro espanhol.
O evangelismo significa entrar na
intimidade da pessoa e sem conhecer o caráter geral que move os diálogos e
pensamentos do povo espanhol, muitas vezes quando pensamos que estamos
evangelizando, na verdade somente estamos alimentando a característica
especulativa de um povo que segundo John Mackay, em seu livro “O outro Cristo
espanhol”, se diverte debatendo sem nunca chegar a uma conclusão.
A bipolaridade espanhola representa
o raciocínio e sentimento geral da nação.
A imagem que se deseja apresentar ao
mundo é de grandeza, riqueza, poder e glamour. As grandes cidades, seus grandes
edifícios, sua casa real, seus grandes artistas e esportistas e principalmente
o orgulho de uma história que não sempre coincide com o que se conta no
exterior, são alguns dos pratos prediletos dessa imagem que enche a boca de
cada cidadão em suas discussões, valorizando àquele que tem mais informação ou
conhecimento ou simplesmente um dado desconhecido pelos companheiros de debate,
ainda que seja na hora do lanche antes do almoço, algo tipicamente espanhol. Ao
conhecer mais profundamente os costumes, a impressão de conflito e irritação
que o espanhol passa se desvanece e aparece um caráter questionador e até
divertido, onde se pode desenvolver boas amizades.
Essa imagem glamorosa está
representada pelas famílias reais e a chamada nobreza, originadas historicamente a partir de acordos
imperialistas, concedendo territórios e riquezas a partir da opressão ao povo.
O sistema político, não somente espanhol, mas também europeu, favorece e serve
a essas classes engordadas pelos banqueiros, grandes empresários e políticos de
muita tradição, pois não se vota no candidato e sim em uma lista elaborada por
um secretário geral ou presidente de partido, onde pessoas são escolhidos para
preencher os cargos sem necessariamente representar uma cidade ou sequer um
bairro e muito menos estar preparado quanto a estudos ou experiência para
desempenhar alguma função pública. Esses políticos podem ser eternizados em
suas funções, desde que seu partido tenha maioria, chegando a ser presidente de
uma região ou prefeito por 10, 20 ou mais anos.
Na outra ponta encontramos uma
população obreira, bastante pobre se comparamos com a imagem de riqueza
européia, submetidos a seguir os mais nobres ou simplesmente desejosos de ser
nomeados para algo especial. Os artistas e esportistas, que em outros países
podem alcançar a “nobreza social”, em Espanha podem chegar a ser grandes, mas
se vem de classes obreiras, serão sempre considerados obreiros, ao menos que se
case com um nobre.
As grandes cidades acumulam a maior
parte da população, mas o coração do povo não está necessariamente onde vive, e
sim de onde vem sua família e tradição. Na demografia espanhola, 95% das cidades e povoados (distritos) tem
menos de 10 mil habitantes e nessas pequenas povoações está o verdadeiro
coração espanhol. Daí vem sua cultura, seus costumes e principalmente sua
tradição religiosa. Ainda que vivam em Madri e Barcelona, sua festa predileta
(a tradição espanhola se mantém através de festas religiosas), sua comida
tradicional, seu santo de devoção e seu partido político se devem mais às suas
origens que à grande cidade.
Para que essa estrutura se mantenha,
a religião é fundamental. As igrejas cristãs sempre representaram o Reino de Deus
e tudo o que se pregava nelas se transformava na voz dos céus para os cidadãos.
Ainda que o ateísmo esteja francamente em crescimento, as pessoas alimentam
confortavelmente em seus corações uma forma de ateísmo pessoal vinculado a uma
religiosidade cultural e supersticiosa, isto é, crêem em forças sobrenaturais,
mas essencialmente não crêem no Deus dos cristãos, ainda que sigam a tradição
de seu povo, o catolicismo. Em resumo, são católicos, mas se reservam ao
direito de não crer no que a igreja prega e sim submeter-se a seu poder por
causa da tradição e principalmente por medo supersticioso. Daí vem uma
frase muito conhecida: “No creo en las brujas, pero que las hay, las hay!¨.
Eliminar a religião católica da
mente de um espanhol pode significar, em seu inconsciente, que estamos tocando
em uma história e estrutura social estratificada há séculos. Seria como se
estivéssemos desmontando a nação (A isso poderíamos incluir o touro, o vinho, o
cigarro e para muitos, os clubs de alterne, onde se encontra a prostituição).
No entanto essa é uma visão historicamente implantada, especialmente porque a
maior parte da tradição religiosa nacional foi reescrita ou reinterpretada pelo
governo ditatorial do General Franco, quando proibia certos costumes e obrigava
a outros. É como se a nação tivesse sido submetida a uma lavagem cerebral e nos
últimos 30 anos está se liberando lentamente dessa opressão religioso-cultural,
mas sempre protegendo seu rei e sua religião.
Quando estamos evangelizando, não é
raro que nos perguntem se somos católicos ou, ao dizer que somos cristãos, em
que parecemos com os católicos. Com essas perguntas estão tentando
enquadrar-nos nos seus pressupostos históricos e culturais.
Como evangelizar nesse contexto?
Crendo que o Senhor, em Seu poder sobrenatural e soberano, pode intervir nessa
história, mudar os corações e salvar a esse querido povo.
Para isso estão os missionários,
para auxiliar a igreja autóctone a se fortalecer, trabalhando muito e
aguardando o tempo de Deus, como passou em países como o Brasil.
ESPANHA: POR AQUÍ PASSOU A HUMANIDADE
Evangelizando em um contexto histórico de dor,
sangue e decepção.
Magacela é um pequeno povoado com um
pouco mais de 550 habitantes, situado a 15 km de nossa cidade, Don Benito, onde se podem
encontrar registros pré-históricos, ruínas romanas e medievais. Há algum tempo
quando levamos o pastor Carlos Del Pino e sua esposa Rosa a conhecer esse tão
interessante lugar, o pastor o definiu com a frase “por aqui passou a
humanidade”.
Realmente essa seria uma excelente
definição não somente para nossa região, mas para a Espanha em sua totalidade. Existem
registros pré-históricos na província de Cádiz, ao sul, que se reputam com um
dos mais antigos do mundo, enquanto que se pode encontrar em Madri, Barcelona
ou Valencia algumas das construções mais modernas do planeta.
Em Espanha somente as populações
pré-históricas são consideradas realmente nativas, pois a partir de então a
península ibérica passou a ser alvo de invasões, desde os povos centro europeus
durante os séculos antes de Cristo, até os romanos nos primeiros séculos depois
de Cristo, seguidos pelos visigodos e posteriormente pelos árabes, até a
reconquista no final do século 15.
Inclusive Paulo, ainda no primeiro
século, coloca a Espanha como uma meta para suas visitas missionárias e
atualmente, tanto pelo clamor evangelístico como estrategicamente para alcançar
o norte da África, nosso país se apresenta como um grande desafio missionário.
A esses dados históricos se
acrescentam os fatores políticos imperialistas, dos quais a Espanha foi vitima
e algoz, dependendo do momento histórico. América, norte da África e Filipinas
são as principais vítimas dessa política espanhola, enquanto que os árabes e os
centro-europeus seriam os principais adversários históricos.
Os grandes conflitos históricos
espanhóis dos últimos séculos sempre estiveram na sombra das religiões, o que
definiu seu caráter religioso e muito de sua cultura atual. Um espanhol típico
é grato aos chamados reis católicos, que com o apoio do exterior promoveram a
reconquista do território espanhol, dominado pelos árabes muçulmanos por quase
800 anos. Nesse longo período, os cristãos, que haviam sido abandonados pelo
império romano, foram submetidos a uma realidade de três culturas, pois além
dos muçulmanos, os judeus também se instalaram e se multiplicaram na península
durante esse período.
Os reis católicos promoveram uma
limpeza religiosa durante os séculos seguintes, utilizando-se da inquisição
para matar ou expulsar os judeus e posteriormente os protestantes.
Paralelamente invadiram a América com a cruz católica adiante, oprimindo
através de uma conversão forçada aos primeiros habitantes do continente
americano (sob o preço da morte ou da escravidão), criando assim um conceito
claramente presente no inconsciente coletivo espanhol, de que o cristianismo é
sanguinário e imperialista. Se acrescenta a esse sentimento uma ditadura cruel
em meio ao século 20, que durante quarenta anos vinculou o poder político e o
conceito de “espanhol legítimo” ao catolicismo, chamado de “nacional
catolicismo”.
Essa história propiciou a formação
de um caráter pessoal intimista, claramente demonstrado pela arquitetura
cotidiana, onde as casas são desenhadas de tal forma que a área de convivência
e lazer estão completamente protegidas dos vizinhos e as cafeterias ou bares
são o lugar de encontro social, pois é raro que alguém convide inclusive a seus
amigos a tomar um café em casa.
Mais além do protecionismo da
individualidade está a decepção com cristianismo. Se por um lado se consideram
católicos, como um bom espanhol, rejeitam a “igreja” e seu poder, sua mensagem,
seus ritos e principalmente suas crenças, consideradas chantagistas por falar
de um deus e um cristo que na verdade não passavam de um instrumento de manipulação
e justificação para verdadeiros “crimes contra a humanidade”.
Em fim, quando saímos para
evangelizar, nos encontramos com esses sentimentos contraditórios e como protestantes,
somos considerados representantes de uma religião estrangeira.
São duros! Não creio que seja uma
definição legítima sobre o espanhol, pois são acessíveis e amigos. Melhor se
disséssemos que “viram coisas muito feias” ao longo da história, principalmente
no cristianismo.
Com tudo isso, deveríamos concluir
que ser missionário na Espanha é ser consciente de que uma mensagem deve estar
acompanhada de uma vida, de um testemunho ao longo dos anos e da certeza de que
o nosso Deus e pai do Senhor e Salvador Jesus Cristo intervém na história por onde
passa a humanidade.
A ESPANHA DOS POVOADOS ESQUECIDOS
Como evangelizar em um contexto de pequenas
cidades
Quando um professor de nossa filha
Maíra descreveu sua cidade, ficamos assombrados: 48 habitantes, com prefeitura
e tudo mais.
Há alguns anos assassinaram um
prefeito espanhol e a polícia encontrou rapidamente o assassino: era seu
principal adversário político. O fator que mais contribuiu para solucionar o
crime foi a quantidade de habitantes da cidade: 40.
95% das cidades espanholas tem menos
de 10 mil habitantes, sendo mais de 80% com menos de 5.000. As cidades entre 10 e 50 mil habitantes
representam a quase totalidade dos maiores consumidores de drogas entre jovens.
Com a crise econômica, a maioria das pequenas (melhor dizer pequeníssimas)
cidades está entrando em colapso.
Ainda que as grandes cidades sejam o
maior cartão postal da Espanha e onde vive a maior parte da população, as bases
culturais e religiosas estão assentadas nas minúsculas cidades, para onde a
maioria das famílias peregrina em seus feriados ou férias anuais.
Nessas cidades estão algumas das
mais famosas festas regionais de cunho religioso e cultural. Muitas delas
sobrevivem do turismo trazido por essas festas e a totalidade de sua população
se mobiliza em massa para a realização de tais celebrações. Os estacionamentos
para a imensa quantidade de carros que se dirigem à essas localidades se
instalam nos arredores das cidades, porque todo o seu centro urbano está
fechado para a festa.
Pelo já exposto, se pode compreender
os naturais desafios para a evangelização nesses contextos. Uma quantidade
pequena de população, onde todos se conhecem, sendo em muitos casos inclusive
parentes, a presença de um forasteiro é amplamente identificada e sua
integração intensamente dificultosa.
Em cidades voltadas para festas
religiosas e culturais medievais, a presença de uma religião sem tradição
espanhola causa muito incomodo e bastante rejeição. A simples pregação do
evangelho provocaria reações negativas não somente quanto à fé, mas também
quanto a economia da cidade e de suas famílias.
Se alia a essas dificuldades na
evangelização o fato de que a maioria das missões não tem interesse em enviar
missionários a pequenas cidades, especialmente porque os resultados numéricos
serão praticamente inexistentes e a perseverança será a principal exigência e
estratégia.
No entanto, enquanto essas regiões
não forem alcançadas, a retroalimentação de um cristianismo sem Cristo e com um
alto conteúdo de superstição e tradição medieval fará com que o evangelho na
Espanha permaneça com características muito similares ao que se tem visto
atualmente.
Temos orado por um avivamento em Espanha. Clamamos
ao Senhor por algo que já vimos na história da igreja evangélica brasileira,
onde se pode constatar, em uma simples viagem, dezenas de igrejas plantadas em
pequenas povoações ao longo da estrada. Pedimos ao Senhor que desperte Seu povo
de uma forma sobrenatural, levantando Seus escolhidos em cada pequena cidade, pois
não temos visto, quanto a estratégias e investimento, um bom desenvolvimento no
missionário neste contexto.
Louvamos a Deus pela visão da
APMT-IPB, que tem investido em pequenas cidades espanholas, sendo um exemplo
para outras igrejas e missões.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
FUTEBOL: O IMPERIO ROMANO SEMPRE ATUAL
Duas
cidades de Extremadura, nossa região espanhola, escondem tesouros preciosos do
antigo Império Romano. Tanto em Medellín como em Mérida, se pode encontrar
teatros e anfiteatros romanos datados do primeiro século antes de Cristo,
construídos pelo exército romano em seu avanço conquistador, como um símbolo da
expansão cultural romana.
Ali se
apresentavam os musicais, as peças teatrais e, principalmente, lutavam os
gladiadores. Era a política chamada por muitos historiadores do “pão e circo”,
que acalmava as multidões e facilitava o governo absurdo e ditatorial dos
césares.
A Espanha
fez parte direta do Império Romano, não apenas territorialmente, mas também em
seu governo, contribuindo com alguns césares e conselheiros. Extremadura
forneceu muitos soldados, pois seu povo era conhecido pela bravura e dedicação,
algo que vemos até os dias atuais. Naturalmente, não somente as construções
antigas, tombadas como relíquias arqueológicas, mas muitos outros fatores da
cultura romana antiga forjaram as bases da sociedade atual.
Ainda que
se diga que é uma tendência mundial, pelas semelhanças com o “pão e circo”
romano, muitos tem identificado o investimento nacional espanhol no futebol
como um “renascimento romano” estratégico de acalmar o povo e levar a “marca
nacional” a outros territórios.
A Espanha
sofreu uma das maiores quedas econômicas de sua história, com a falência
mundial do setor da construção civil, e o empobrecimento do povo nos últimos
quatro anos é visível, chegando aos portais da fome. O país está quebrado, no
entanto, o futebol não.
A seleção
espanhola de futebol está ganhando quase tudo: Eurocopa, Mundial, campeonatos
europeus sub-20, sub-21, enquanto que seus clubes conquistam campeonatos
europeus, mundiais, entre outros.
Esse poder
do futebol tem algumas explicações. Muitos clubes medianos se enriqueceram
repentinamente com a especulação da venda de terrenos privilegiados nos centros
das grandes cidades, possibilitando contratar grandes jogadores. A falência da
sociedade por causa da crise da construção civil não alcançou a maioria desses
clubes.
Poucos
sabem, mas também existiu por vários anos algumas doces vantagens no pagamento
de impostos, a popularmente chamada de “Lei Beckham”, em referencia ao famoso
jogador inglês, originalmente pensada para investidores estrangeiros, onde o
imposto de renda era mais baixo a partir de uma determinada quantidade
salarial. Isso provocou uma peregrinação de craques do futebol mundial para
este país e naturalmente a transformação deste futebol na maior potencia mundial
da atualidade. O campeonato nacional subiu de qualidade e seus jovens jogadores
começaram a dividir o terreno de jogo com celebridades mundiais.
Voltando os
olhos a décadas passadas, ainda sob o domínio da ditadura franquista, muitos
acusaram àquele governo de ter utilizado o Real Madrid como propaganda política
em um período onde seu esquadrão ganhou muitos títulos internacionais, segundo
alguns sob a batuta da proteção e investimento da ditadura.
Atualmente
existe um forte conflito entre os independentistas da Catalunha, região situada
no nordeste espanhol, e o resto da Espanha. Tem sua língua própria, sua
bandeira e, para não fugir à regra, seu time de futebol, o Barcelona, usado nos
últimos anos, seja por políticos ou jogadores, como propaganda dos triunfos
regionalistas. O futebol praticado pela atual e vitoriosa seleção espanhola tem
sua base nessa equipe. Nove de seus jogadores foram convocados pela Espanha
para a Copa das Confederações de 2013. As seleções de base também estão
fundamentadas na preparação desse clube, que gasta milhões de euros formando
pequenos craques, vários deles trazidos de outros clubes e alguns sendo até
nacionalizados, inclusive brasileiros.
“Estádios
suntuosos, esporte vistoso e vitorioso, povo sofredor, mas orgulhoso e feliz”.
Essa frase bem poderia ser aplicada a muitos
países, como o Brasil e Argentina, que ganharam um mundial de futebol cada um aplaudidos
por seus ditadores. No caso da Argentina, ainda foi a organizadora de seu
mundial. Igualmente os países da antiga cortina de ferro, que sacrificavam seus
atletas para propagar o poder ditatorial e calar o povo oprimido.
Como viver
como cristãos em uma sociedade acostumada a sentir-se grande através da falsa
propaganda de seu “pão e circo”?
Simplesmente
seguindo verdadeiramente Àquele que se mostrou ao mundo em uma cruz.
No circo
romano, os gladiadores poderosos sempre venciam. Nessa mesma Roma, um “humilde
gladiador” espiritual perdeu sua luta contra os poderosos, mas salvou aos que
nEle crêem através de Sua morte, e morte de cruz. Esse foi o pão distribuído
por Cristo: Sua própria vida.
Nossa
função não é combater o futebol ou qualquer outro “circo” social. Somente
deveríamos equilibrar nossas vidas olhando firmemente para Cristo, para mostrar
a essa sociedade que pode desfrutar do entretenimento, mas sem se deixar
enganar e nem que isso desvie seu foco na busca por solucionar os problemas
cotidianos.
“Portanto, nós também, pois estamos
rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado
que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos
está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé, o
qual, pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz, desprezando a
ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus. Considerai, pois aquele
que suportou tal contradição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos
canseis, desfalecendo em vossas almas.” Hebreus 12:1-3
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